Expressões do Conhecimento e do gosto pelo Saber: Filosofia.

Neste blogue pretende-se apresentar textos tanto do âmbito filosófico como científico que possam elucidar aos que nos encontramos
no caminho da busca da verdade sobre as origens da vida e da sua finalidade no Universo e neste cantinho, perdido no espaço, chamado Terra... mas com bastante mais água na superfície!

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9.1.11

Ser ou não-Ser


Ser ou não-Ser

"A experiência mais bela que podemos ter é o mistério. É a emoção fundamental que está na origem da verdadeira arte e da verdadeira ciência. Quem não souber isso e já não puder admirar-se nem maravilhar- -se, está morto e os seus olhos não poderão ver."
                                                                                   Albert Einstein

Prosseguindo as minhas pesquisas começo a perceber que os ateus se sintam marginalizados hoje em dia. Na época em que eu me tornei ateu (na década de 1970) isso era normal, naquela época tudo era normal. Os crentes achavam que tinham razão e nem davam importância aos não crentes, mas os não crentes também não faziam de certas filosofias um verdadeiro cavalo de batalha, acho eu, mas talvez possa estar enganado, pois por falta de internet não havia como ter acesso à informação global senão através dos meios de comunicação estatizados e/ou comprometidos com o sistema vigente na época.
Continuando, explicarei de seguida qual o motivo porque me tornei ateu. Na minha infância, em vez de me obrigarem, foi-me sugerido que eu frequentasse a catequese. Recusei a ideia apesar de muitos dos meus amigos estarem lá. Contudo, na escola, eu gostava de assistir às aulas de religião e moral com dispensa de frequentá-las, quer isto dizer que não eram aulas obrigatórias, mas sim facultativas. Eu estava dispensado de nota, mas gostava de ouvir o que por lá se ensinava. Mas, francamente, sempre me foi difícil aceitar o que me contavam sobre um Deus estranho e inconcebível para mim, e um possível filho (dito primogénito, não sei porquê, surgido tantos séculos depois de tudo ter começado) e que diziam, também, ser o próprio Deus feito homem, tudo isso, com essa importância, logo neste canto perdido duma simples galáxia. Demasiado confuso para uma criança e depois para um adolescente conseguir entender que alguém fosse filho de si mesmo. Então, com o estudo das ciências: biologia, físico-químicas, geografia, e até mesmo da história e filosofia foi suficiente para me convencer que o surgimento do Universo se conseguia justificar através das descobertas científicas que se iam realizando. Com todas essas certezas o meu rumo só poderia conduzir ao ateísmo, pois achava que a crença em divindades tinha sido normal na antiguidade, mas na época contemporânea só podia ter utilidade para mentes pobres e ignorantes. Deveria ter-me lembrado que pela boca morre o peixe. Mas era jovem de mais para pensar nisso, pois eu “estava” cheio de razão, até parecia que tinha acabado de descobrir a pólvora, e todos os demais estavam errados e perdidos no meio das suas crenças.

 Newton          Darwin

 Lemaître

E assim continuei durante aproximadamente 10 anos acompanhado de Newton, Darwin e Einstein, e ainda outros cientistas que sempre iam acrescentando algo mais para corroborar a tese de que o Universo e o ser humano não necessitavam de qualquer intervenção divina para terem surgido e continuarem a evoluir, existindo só por si!


Até que um belo dia sentado na areia duma praia vi uma nuvem no céu, e percebi que ela tinha recebido a água evaporada do oceano e mais tarde iria derramar essa água toda, que se sustentava no ar, provavelmente sobre terra firme, onde sementes enterradas no solo iriam germinar e dar origem a uma espécie de “big bang” menor e diferente mas também complexo e maravilhoso. Dessa planta, animais e humanos poderiam alimentar-se. Poderiam reproduzir-se e com apenas duas células, outros “big bangs” teriam a sua oportunidade e dariam origem a mais seres: animais e humanos. Essas células iriam multiplicar-se e saber para onde haveriam de se deslocar e desempenhar a sua função sabendo qual era o órgão que integrariam e não um outro qualquer com funções distintas. Voltando à água, essa que alimentou a planta e retornaria aos rios, matando a sede aos animais e aos humanos, seguindo depois para o oceano e retornando às nuvens novamente no céu. Céu esse onde mais distante estava o Sol, que além de alimentar energeticamente este planeta e os seres nele residentes, também fazia parte duma máquina maior, e no entanto pequeno, o sistema solar integrante duma, enorme mas ao mesmo tempo pequena, galáxia no meio dum vasto Universo repleto de milhões de galáxias e biliões ou triliões de estrelas e planetas. Aí também existiam regras para o seu funcionamento: leis cósmicas. Essas leis estavam a ser interpretadas e compreendidas pela Ciência, era o estudo tanto do Cosmos (ou Cosmo) que em grego quer dizer: ordem, como das leis que regem também a Natureza. Tudo estava agora ao alcance de cálculos que podiam ser elaborados pelo complexo cérebro humano. E esses cálculos serviam também para interpretar as regras ou leis que regem o Universo. Elas já existiam, nada ao nosso redor era aleatório. A Lua e o Sol, bem como os outros planetas, percorriam órbitas definidas e não ocasionais, os seus movimentos eram previsíveis. Então, no meu raciocínio seria difícil, ou quase impossível, que o Universo tivesse surgido do nada e que por acaso se fosse ordenando de forma inteligente até produzir seres complexos com capacidade de raciocínio e consciência de si mesmos, capazes de se dedicarem ao estudo das suas origens e da interpretação das leis que os regem. Só restava uma explicação: uma Inteligência Original (e ainda indefinida pela mente humana) teria inventado regras e criado o Universo (ou Universos possíveis) e dado origem a que surgissem as condições que permitiriam o surgimento da vida e esta se desenvolvesse, provavelmente com algum objectivo definido e não sem qualquer sentido aparente.

  

Onde estaria agora esse Ser Inteligente Original? Bem, por ora ele está em cada átomo e em cada célula, em cada mineral, planta ou animal e em cada ser humano. Onde estava esse Ser antes do surgimento deste Universo? Provavelmente estaria no outro que tinha acabado de morrer para dar origem a este, assim como uma planta que morre já produziu uma semente que dará origem a uma nova planta, tal como cada animal ou ser humano que deixa este mundo tendo tido oportunidade de deixar aqui um ou vários descendentes. E qual seria a origem desse Ser Inteligente Original? A resposta lógica só pode ser uma: não teve origem nem terá fim, é eterno, como tudo é eterno. Já Lavoisier havia compreendido: “na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.
 Lavoisier


Contudo, compreendi que essa Inteligência Original estava longe do Deus Único das 3 grandes religiões monoteístas. Elas apenas eram a interpretação humana de algo incompreensível para eles. As religiões foram criadas por alguns seres humanos falhos nos seus raciocínios e por outros menos escrupulosos, e presos ao seu ego, que cuidaram de ludibriar ingénuos para deles obterem benefícios através da sua manipulação.




Jesus, o filósofo-profeta, não o pretenso filho primogénito nem unigénito de Deus (também feito homem e concebido por meios não humanos e contrários às leis vigentes neste planeta), se tiver tido existência real, não foi o fundador de nenhuma religião que outros criaram em seu nome e que em nome dele se aproveitaram para cometer as maiores atrocidades. Se tiver existido, ele professou uma filosofia que pretendia transmitir aos seus contemporâneos e descendentes um modo de vida melhor e diferente daquele que até ao momento vigorava, pois pretendeu substituir uma antiga e injusta lei de olho-por-olho por uma nova com base no amor. Mesmo que Jesus, o Cristo, tivesse sido uma invenção, só por alguém seguir os ensinamentos apresentados por essa filosofia seria já um benefício para a convivência entre os seres humanos. Acontece que em nome dessa filosofia já foram mortos e torturados milhões de seres humanos, o que fez com que desse origem ao actual descrédito dessa filosofia auto-designada como religião, aquilo que religa, que volta a ligar o que pretensamente estaria separado.


A filosofia de Jesus, assim designada para distingui-la dos conceitos cristãos hipócritas, apresenta excelentes princípios à humanidade, mesmo tendo consciência que não é a única ou a melhor, mas sim mais uma mas no entanto nada desprezível. Com ela as regras morais facilitam a convivência entre os seres humanos. 
Regras, como “Faz aos outros aquilo que gostarias que te fizessem!”; e outra comum às outras duas religiões monoteístas, Judaísmo e Islamismo: “Não matarás” – mas sempre desrespeitada ao longo dos séculos – são excelentes mas quando desrespeitadas descridibilizam os seus fundamentos. No entanto, nenhuma atitude negativapor parte dos religiosos deveria ser suficiente para conduzir ao descrédito na existência de uma Inteligência Original.


A Inteligência Original, segundo se acredita, permite aos seres humanos um preceito fundamental designado por livre-arbítrio. Essa liberdade permite ao ser humano poder viver no paraíso ou no inferno conforme as suas atitudes. Se acreditarmos nesse pressuposto também é lícito compreender que qualquer atitude terá sempre uma repercussão, mais cedo ou mais tarde, como consequência daquilo que se “planta”. O grande obstáculo é que não sendo imediatamente visíveis essas consequências poderão não ser interpretadas como tal. Dessa forma se vê a vida como injusta. Mas não faria qualquer sentido, sim, porque a vida necessita de ter um sentido, que todos os actos errados ficassem impunes aos seus praticantes.
Tudo isto não invalida a existência de Deus, nem mesmo o facto da Ciência não conseguir explicá-lo por falta de base material para estudo. A Ciência apenas ainda não consegue fazer experiências que possam dar crédito a qualquer teoria que queira provar a existência duma entidade divina. A Ciência ainda não é detentora da verdade, e a religião também não, aliás, ainda ninguém conhece totalmente a verdade, nem sei se algum dia se terá acesso à verdade absoluta neste planeta. Talvez nos seja apenas permitido um acesso parcial. Antes a Ciência dizia-nos que aquilo que entrasse num Buraco Negro não sairia de lá. Hoje alguns cientistas já admitem que no futuro talvez seja possível viajar no Universo (ou entre Universos) através de Buracos Negros, anteriormente os cientistas não admitiam como possível um organismo contendo arsénico, estavam enganados, e isso foi verificado com a descoberta recente da bactéria que possui esse elemento em vez de fósforo na sua constituição. E estes são apenas dois exemplos. A verdade da Ciência vai-se alterando consoante se vai adicionado mais conhecimento. A verdade de ontem não é mais a mesma de hoje! O que ontem seria inconcebível como a existência de Deus, amanhã pode ser uma certeza...

Nebulosa Helix, NGC 7293: "O olho de Deus"

Quanto às crenças eu costumo dizer que são como os sapatos, cada qual deve usar o que calçar melhor, nem muito apertado nem largo de mais, mas sim na medida certa. E o que serve a uns não fica bem a outros. Assim, se algumas pessoas se sentirem bem com aquilo em que acreditam, então, que continuem. O importante será termos consciência que (pela negativa) não devemos fazer aos outros o que não queremos que nos façam a nós. Melhor mesmo será sempre fazermos aos outros o que gostaríamos para nós. É importante sabermos que existe um livre-arbítrio e isso deveria permitir a coexistência pacífica entre crentes e ateus, pois cada um é livre de acreditar no que melhor lhe servir. O que convém lembrar é que a maioria das pessoas parece ainda não se ter apercebido que a sua liberdade só começa onde termina a dos outros e termina também onde começa a deles!

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